Teremos capacidade de resistir a um novo confinamento?
Em Março de 2020, de forma algo inesperada, uma pandemia assolava todo o país, forçando o Presidente da República a decretar o estado de emergência, o Governo a determinar o recolhimento obrigatório dos cidadãos e o encerramento da generalidade dos negócios.
O medo foi determinante para a nossa responsabilidade, o que permitiu, passado algum tempo, a reabertura da economia e a recuperação daquilo que se esperava ser um terramoto económico e social. Recordemos que as previsões do FMI apontavam para uma duplicação do desemprego no em 2020, passando dos 6,5% em 2019 para 13,9%.
A verdade é que o desemprego subiu de 6,2% em março para 7,2% em novembro de 2020. É inegável que estes números (francamente positivos face às expectativas) se deveram aos apoios públicos destinados às empresa e às famílias, mas também à grande resiliência dos empresários portugueses – muitos já com autênticos doutoramentos em crises – que, “fazendo das tripas coração”, encetaram todos os esforços, gastaram todas as poupanças e recorreram ao crédito para manter as suas empresas de pé e os seus funcionários com um posto de trabalho fixo.
Neste sentido, os municípios podem também ter um papel determinante, apoiando diretamente o comércio local e promovendo políticas de incentivo aos seus munícipes para comprarem localmente.
É o que tem vindo a ser feito pela Câmara Municipal da Maia e que culmina com o recente Programa de Apoio Extraordinário à Economia Local (PEADEL), com uma dotação de 1.2 milhões de euros, e que atribuirá às empresas, a fundo perdido, o equivalente a um salário mínimo por cada trabalhador. Esta medida visa, por um lado, garantir a injeção de liquidez nas empresas do concelho da Maia e, por outro, assegurar a manutenção dos postos de trabalho dessas empresas. Assim, com esta proposta, a Câmara Municipal não deixa ninguém para trás, estando ao lado dos empresários, que tanto ajudam a desenvolver o nosso território, e das famílias, pilar fundacional de qualquer sociedade.
Ora, ao contrário do que poderíamos pensar, uma pandemia não desaparece com um simples estalar de dedos. Depois de um verão com um manifesto abrandamento nos contágios e internamentos por covid-19 e de boa recuperação económica e social, voltamos a ser derrubados. O relaxar no cumprimento daquelas regras que o medo tão bem nos fez cumprir e a aproximação do período de inverno, levaram a um exponencial aumento do número de casos e internamentos nos cuidados intensivos dos hospitais e, consequentemente, aos trágicos números de mortes que hoje assistimos.
Assim, aquilo que seria a recuperação económica de um período de crise passado, torna-se agora um novo período de crise, levantando enormes dúvidas sobre a capacidade das empresas em ultrapassar mais um encerramento forçado e quebras inimagináveis na sua faturação.
Acredito que a manutenção dos postos de trabalho e, consequentemente, dos rendimentos das famílias foi um fator determinante na mitigação da recessão provocada pelo confinamento de março/abril e na rápida recuperação verificada no verão de 2020. Mas teremos capacidade para resistir a um novo confinamento obrigatório?
Deixe uma resposta