Taxa de Parentalidade
Qualquer pessoa tem sentimentos e uma forma única de os expressar. No meu caso, foi a escrita humorística. Uns encontraram na música uma forma airosa de enfrentar as chatices da vida e outros, mais sentimentalistas, descobriram a poesia. O que importa é encontrar um escape para conseguir sobreviver a tanta injustiça. Nas palavras de Salgueiro Maia: “o estado a que isto chegou!”. Há dias tive oportunidade de imprimir o meu recibo de vencimento. É algo que acontece apenas uma vez por mês (ao contrário das senhoras, não dura cinco dias!) e, no meio de tanta rubrica e detalhe, fiquei absolutamente chocado com o valor dos descontos. Afinal, o sacrifício diário e ausência de horas de partilha familiar esvaíram-se num conjunto de taxas que reduzem – e de que maneira – a miséria a que chamam de vencimento! Num mundo perfeito, o valor descontado seria encarado como um empréstimo (a longo prazo) concedido ao Estado e, seguramente, seria nosso aquando da chegada à idade da reforma. Porém basta passar por uma qualquer rua e verificar o elevado número de trabalhadores especializados em coçar as cadeiras dos cafés, para ter a certeza que o montante descontado não volta mais! Para eles, o emprego é como a profecia de Jesus Cristo: há-de chegar um dia!
É uma nova classe social que surge! Sem qualquer objectivo de vida, excepto perpetuar a vinda dos subsídios à custa de putos ranhosos. Uma educação baseada nos valores que aparecem nos tablet´s e telemóveis ou qualquer outra bugiganga que sossegue o petiz. Existem vários sinais característicos desta nova estirpe e, seguramente, todos os conhecem. Até porque, este fenómeno social, não é exclusivo de uma localidade, mas sim, de um país: o nosso! Porque, por estes lados – talvez fruto da ausência de escolaridade – confundiu-se uma ajuda temporária à reinserção no mercado de trabalho, com subsídio vitalício para a malandrice! Em caso de dificuldade, alguém desenrasca! Acabo por me sentir responsável por esta gente e, como tal, sinto-me triste porque vou gozar dias de férias e isso vai-se reflectir no valor a descontar para os meus pobres dependentes…
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