Taça de Portugal: TRI para o FC do Porto de Sérgio Conceição, na despedida de Pinto da Costa, e debute de André Villas-Boas, como presidente
Foi dia de Final da prova rainha do futebol português. Frente a frente FC do Porto e Sporting, segundo e terceiro maiores vencedores com 20 e 17 vitórias, logo a seguir ao recordista Benfica com 26, e antes do quarto, Boavista com 5, e quinto, Braga com 3, num total de 13 vencedores distintos.
Numa prova começada em 38/39 do século passado, o FC do Porto só em 55/56 sairia vencedor pela primeira vez, quando o Benfica já contava 8 vitórias e o Sporting 5, o que significa que recuperou bastante, especialmente após o 25 de abril (6), quando só somava 3 vitórias, mas especialmente neste século onde já somou 11. Já o Sporting, pelo contrário, contava 9 em 1974, somou 3 até final do século, e 5 após o ano 2000.
Numa tarde, quente, mas amena, reuniram-me no Jamor, mais uma vez os adeptos para a festa do futebol, que começa cedo com os piqueniques, a música, e a alegria que esteve evento anual proporciona nas matas do Jamor, independentemente de quem sejam os finalistas.
Embalados pelas mais recentes conquistas, quer no futebol, quer nas modalidades, como o título Europeu de Hóquei, e ainda agora a vitória no Andebol, os adeptos Sportinguistas eram os mais otimistas, em contraste com os oriundos da cidade invicta que não têm tido muitas razões para festejar, e em uma derrota na final significaria uma época sem qualquer título.
Por outro lado, face às eleições nos Dragões, e a todos os seus desenvolvimentos, podemos estar a viver o último jogo de Sérgio Conceição como treinador do FC do Porto, uma vez que no Sporting, aparentemente, Rúben Amorim se manterá no ativo. A ser assim, o confronto entre os treinadores fecha-se com 16 jogos em que Sérgio Conceição venceu 7 contra 4 de Rúben Amorim.
Também digno de registo, e este uma certeza, o último jogo de Pinto da Costa como presidente da SAD, terminando assim uma “carreira” de 42 anos à frente do clube, onde se tornou o presidente mais titulado do mundo.
Mas tudo isto são apenas curiosidades que logo esquecem os apaixonados pelo desporto rei, a quem interessa, verdadeiramente, que a bola role e o seu clube ganhe.
E aí foi também o Sporting a reforçar a confiança quando aos 20 minutos, Pedro Gonçalves, na conversão de um canto levou a bola com conta peso e medida para a cabeça de St. Juste, que perante alguma lentidão de Otávio, colocou o Sporting na frente do resultado, de certa forma contra a corrente do jogo pois a iniciativa estava mais do outro lado.
Não seria, contudo, por muito tempo pois aos 25 minutos, Geny Catamo teve um deslize na execução de um alívio colocando a bola ao alcance de Evanilson, que frente a Diogo Pinto não hesitou, e rematou para o empate com a bola fora de alcance do guardião verde e branco, fazendo assim o seu 60º golo pelos Dragões.
Volvidos apenas 4 minutos, foi a vez de St. Juste fazer algo proibido que levou Fábio Veríssimo a mostrar-lhe o vermelho direto acrescido de grande penalidade, por ter puxado Galeno quando este se ia isolar para a baliza. Contudo, após conferência com o VAR o árbitro manteve o cartão e expulsão, mas reverteu para livre direto à entrada da área. Na conversão, Francisco Conceição fez a bola passar uma tangente ao poste direito de Diogo Pinto, mas sem consequências.
Com menos um em campo, aos 30 minutos de jogo, o Sporting foi obrigado a mais cautelas, enquanto o FC do Porto crescia em campo na busca de passar para a frente do marcador.
Mesmo assim, numa primeira parte com 5 remates para cada lado, as melhores oportunidades acabaram por ser do Sporting, com 4 remates enquadrados com a baliza, num jogo em que o Sporting procurava tirar partido das bolas paradas, que até lhe proporcionaram o golo, enquanto os comandados de Sérgio Conceição insistiam no jogo vertical e situações de rotura, que não fossem os seus perdulários avançados poderiam terminar os 45 minutos em vantagem.
No segundo tempo tudo foi diferente, apesar do empate se manter até final do tempo regulamentar, o FC do Porto foi muito mais pressionante, mas as oportunidades foram sendo sucessivamente desperdiçadas, obrigando ao prolongamento, uma situação que é já tradição nas cinco anteriores finais entre estes dois adversários, e que os Dragões procuravam evitar.
No recomeço Evanilson teve oportunidade de marcar, mas numa jogada confusa dentro da área, Diogo Pinto foi Leão e conseguiu agarrar a bola.
Até que aos 97 minutos, o herói da jogada anterior teve de ser vilão a sair ao caminho do mesmo Evanilson, com um denunciado derrube dentro da área, a merecer castigo máximo. Na sequência do lance, o energético Sérgio Conceição saiu da sua área reservada para dar instruções aos suplentes em aquecimento, pelo que Fábio Veríssimo o admoestou com cartão vermelho.
A transformação da grande penalidade coube a Mehdi Taremi, que sem hesitações colocou a redondinha no fundo da baliza de Diogo Pinto, fechando o placard da tarde, mas também a sua passagem pelo FC do Porto com chave de ouro, pelos muitos golos que marcou, o mais recente dos quais decisivo no último jogo no Dragão, frente ao Boavista, que permitiu ao FC do Porto chegar a Braga em vantagem pontual e, portanto, com outra tranquilidade para garantir o terceiro lugar na Liga. Este golo teve também a particularidade de ser o golo número 100 da época azul e branca, assim fechada com um número redondo.
Daí até final, os jogadores do Sporting procuraram formas de chegar ao empate, mas estavam de frente com um adversário organizado e competente sob as ordens de um treinador que, se sair do clube, fecha o ciclo 7 anos com 11 títulos conquistados, a saber 3 vitórias na Liga, 3 na Supertaça, 1 na Taça da Liga, a primeira do FC do Porto, e 4 na Taça de Portugal, mais concretamente as três últimas edições, que lha dão assim o TRI nesta competição.
Uma nota para a exibição de Zé Pedro, que praticamente anulou Viktor Gyӧkeres, o grande obreiro do empate recente no Dragão ao ter marcado dois golos em dois minutos, bem como da excelente época no Sporting. Usando gíria futebolística foi praticamente metido no bolso, quase não conseguindo rematar à baliza. E outra para Francisco Conceição, mais uma vez considerado o homem do jogo, pelos desequilíbrios que cria sempre que toca na bola, acelerando como ninguém o jogo da sua equipa.
No final, e apesar da rivalidade o fair play imperou com os portistas a fazerem guarda de honra aos vencidos no regresso da entrega de medalhas, devidamente retribuído pelos Leões.
Já com a Taça entregue, destaque para o momento em que, Pinto da Costa, Sérgio Conceição, e André Villas-Boas repartem o momento da vitória elevando em conjunto o troféu. Vamos agora aguardar pelos desenvolvimentos próximos para perceber se foi apenas um momento, ou se a união e a manutenção do treinador, com contrato assinado para 4 anos, o mantém no clube, e a acontecer, em que condições.
O tira teimas entre estes adversários será já em agosto, na disputa da Supertaça, faltando saber se com os mesmos ao leme, porque como alguém uma vez disse: no futebol o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira….
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