Saúde Mental – O Estigma
Segundo dados da SPPSM, a nível europeu Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas, sendo apenas superado pela Irlanda do Norte. De acordo com a mesma fonte, mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica, com as perturbações mentais e do comportamento a representarem 11,8% das doenças no país.
Quando olhamos para os problemas de saúde mental, podemos considerar os mesmos como uma faca de 2 lados: se por um lado existem sintomas que impendem o doente da sua vida normal, interferindo, muitas vezes, com a sua actividade laboral, por outro lado, ainda nos deparamos com o estigma da sociedade.
O combate a este estigma torna-se cada vez mais urgente e importante, e todos nós deveríamos começar, com o nosso próprio discurso. O uso de palavras como “louco”, “maluco”, “doido”, podem trazer emoções muito desagradáveis e com consequências graves, não para quem as diz, mas para quem as ouve, palavras estas que contribuem para crenças estigmatizantes sobre as doenças mentais.
Existem milhares de pessoas que diariamente lutam contra a doença mental. Muitas das vezes, esta luta é em silêncio e solitária, até porque apesar de cada vez mais se ver nas redes socias as pessoas a escreverem “peçam ajuda” e “eu estou aqui para ajudar”, o que acontece na realidade à pessoa que assume por exemplo que esta deprimida é um apontar do dedo, um “mas tu tens tudo para ser feliz”, ou um “tens que ser mais forte do que isso”, como se a doença mental fosse uma escolha ou um sinal de fraqueza.
Os dados oficias da OMS, mostram que «as perturbações mentais correspondem a 8,1% da carga mundial de morbilidade». Uma percentagem muito maior do que aquela que se encontra em todos os tipos de cancro, e que aumenta, se aqui englobarmos as perturbações do comportamento associadas ao abuso de substâncias, à violência e ao suicídio.
Falamos de cancro, fazemos campanhas de prevenção, preocupamo-nos e somos solidários com os doentes oncológicos, mas em relação as doenças mentais continuamos a assobiar para o lado, quase como se fosse uma coisa indigna de ser falada, uma coisa feia que precisa de ser escondida.
É urgente mostrar que os psiquiatras não são “bichos-papão”. São médicos competentes que tratam doenças concretas com aquilo que a ciência tem para oferecer.
(Este texto não se conforma com o
novo AO por vontade da autora)
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