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Lesa-Pátria

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Já diz o povo que “quem mente uma vez, mente duas, mente três“. Desta vez aconteceu no Ministério da Justiça, que lida com um dos pilares sagrados e responsável pela existência de um Estado de direito, assente num regime democrático onde todos devem ser iguais perante a Lei, circunstância geradora de confiança no soberano (povo) fundamental para a manutenção da coesão social.  

O que se está a passar com o caso da nomeação do Procurador José Guerra é matéria de extrema gravidade, suficiente para a Nação se indignar em uníssono. Os factos conhecidos demonstram que o Governo de Portugal alegadamente adulterou um curriculum de um Procurador para que fosse este o escolhido para um organismo europeu de justiça com muita relevância, em lugar da Procuradora indicada pelo júri internacional, apenas porque é alegadamente considerada persona non grata para os actuais governantes. Ninguém no seu perfeito juízo acredita que um funcionário, por sua livre iniciativa, adulterasse o referido curriculum sem que tal não fosse alegadamente ordenado pelos seus superiores, isto é, o gabinete da Ministra da Justiça.

Se para alguns dos nossos parceiros europeus somos catalogados como gastadores e desorganizados, somamos à lista mais um item: trapaceiros!

O assustador desta novela típica de um país terceiro-mundista é que estes actos não se cingem a questões internas, mas à representação internacional de Portugal perante os seus pares, ou seja, esta nódoa cai sobre todos os portugueses (o soberano) sem excepção. Deste modo, já não basta o afastamento da Ministra Van Dunem para sanar um problema que extravasa as paredes do seu ministério. Por outro lado, nada se saberia se o caso não fosse denunciado pelo que se torna lícito questionar quantos mais casos deste calibre poderão ter sido levados a cabo pelos mesmo actores, permanecendo ocultados até ao momento. Por último, importa alertar o soberano acerca dos silêncios ensurdecedores levados a cabos pelas elites que têm obrigação de zelar pela manutenção do nosso frágil regime democrático. Estarão também comprometidas?

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