«Isto não é o PS e estes senhores envergonham todos os socialistas»
Escolha de Teresa Almadanim envolta em polémica interna.
Como o MaiaHoje noticiou, na noite da passada quinta-feira, 6 de maio, a Comissão Política Concelhia da Maia (CPC Maia) do Partido Socialista, esteve reunida para apreciar o nome a apresentar à distrital e à nacional para a Câmara da Maia.
Em comunicado datado de ontem, domingo, dia 9 de Maio, o PS vem confirmar a notícia que o MaiaHoje lhe apresentou primeiro, em exclusivo: «Com esta designação o Partido Socialista apresentará aos maiatos um projeto diferenciador e inovador, alicerçado numa candidatura de valores, íntegra e com uma candidata séria, reconhecida na Maia, com um perfil de autarca moderno, que assegurará o objetivo de ganhar a Câmara Municipal da Maia, abrindo um novo horizonte para o desenvolvimento do concelho, focado nas potencialidades da Maia e na capacidade de se gerar um território inteligente, de referência nacional e europeu, e com projetos focados numa visão humana forte e centrado nas pessoas», escrevem e acrescentam que «a transparência da ação política e o combate às desigualdades estarão na agenda desta candidatura, pela defesa de um concelho mais equilibrado e harmonioso, sendo ainda de destacar a requalificação e a formação das respostas locais, apostando numa rede articulada e estruturada pela autarquia com o envolvimento de todo o setor social, cultural e desportivo que, na Maia, desempenha um papel fundamental no quotidiano do concelho», disseram em comunicado assinado pelo presidente Paulo Rocha que, optando pela positiva, não refere qualquer incidente.
Violência verbal
No entanto, à posteriori, testemunhos disseram-nos que a reunião foi tudo menos pacífica, tendo alegadamente sido cometidos «atropelos à democracia e mesmo falta de educação» em episódios de «elevada violência verbal, sem pudor», referindo que «nem nos tascos se utiliza tal vocabulário», sendo «uma vergonha, nalgumas alturas terem quase chegado a vias de facto», havendo até quem pretenda, perante tal cenário «antidemocrático» se «desfiliar», foi-nos transmitido, havendo quem reclame «a demissão consciente de Paulo Rocha e da Comissão Política Concelhia», declararam.
Falta de cultura democrática no PS Maia
Entretanto o médico Andrade Ferreira, vereador da CM Maia e primeiro subscritor da proposta de apoio à candidatura independente de Francisco Vieira de Carvalho, em comunicado datado do dia seguinte, 7 de Maio, acusava o presidente da CPC Maia, Paulo Rocha, de ter «impedido votação na candidatura de Francisco Vieira de Carvalho» alegando «Falta de cultura democrática reinou na Comissão Política Concelhia do Partido Socialista da Maia» e denunciando que os «Comissários políticos foram impedidos de votar livremente» e que “ilegalmente” «Secretariado demite-se para contornar Estatutos do Partido», escreve o subscritor.
Duas fações
Andrade Ferreira testemunha que «cerca de metade dos militantes que compõem a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista da Maia abandonaram a reunião do passado dia 6 de maio de 2021, com acusações de tentativa de condicionamento do voto por parte do Presidente da Concelhia, Paulo Rocha, e da Presidente da Mesa, Carla Dias» (NDR: Carla Dias que recorde-se, esteve no episódio protagonizado por Jaime Pinho do JPP que dizia «ela esteve sempre do outro lado…» o que fazia prever duas fações que se vieram a confirmar).
«O melhor resultado do PS em autárquicas na Maia»
Confirma o médico que «o assunto, que não tem sido consensual entre os socialistas» e que por esse motivo «acabou por gerar uma intensa troca de argumentos quando foi recusada a admissão da proposta de designação do candidato Francisco Vieira de Carvalho», recordando que «esta coligação, da qual o Partido Socialista é a principal referência, obteve o melhor resultado do PS em eleições autárquicas na Maia nos últimos 45 anos, ficando a escassos 3% da Coligação PSD/CDS, com uma diferença de cerca de 2000 votos», elevando também a votação nas freguesias, defende. Os defensores de outra candidatura dizem que «não vale tudo e o PS não quer ser poder se não for bom para os maiatos. O que se sabe agora do Francisco e do JPP não é abonatório para o PS nem bom para a Maia», defendem.
«Violação dos estatutos» e “falso” currículo
Andrade Ferreira diz que «os membros da Comissão Política Concelhia que apresentaram o nome do candidato Francisco Vieira de Carvalho, acusam ainda a Presidente da Mesa Carla Dias de ter desrespeitado o Regulamento Eleitoral Interno e de Designação de Candidatos a Cargos de Representação Política do Partido Socialista, pela manifesta desigualdade de tratamento que receberam as duas propostas, dado que a Presidente da Mesa recusou liminarmente submeter a votação os dois candidatos apresentados, numa violação clara dos Estatutos do PS e dos deveres de imparcialidade que o cargo que ocupa obriga», argumentando ainda que «a proposta apresentada pelo Presidente da Concelhia, da candidata Teresa Almadanim, mereceu ainda diversos reparos, devido a inúmeras inconsistências detectadas, nomeadamente no currículo apresentado e na experiência profissional descrita», escreveu.
Demissão para «contornar estatutos»
«Foi também com surpresa que os militantes presentes na reunião receberam a informação de que todos os elementos do secretariado do PS se haviam demitido minutos antes da reunião se ter iniciado, contornando assim os novos Estatutos do PS, que impedem o voto dos elementos do secretariado Concelhio na Comissão Política. A Mesa só informou os militantes deste facto após ter sido questionada sobre a composição do secretariado concelhio, naquele que foi apenas mais um dos inúmeros entraves colocados, na tentativa de evitar que o nome do candidato Francisco Vieira de Carvalho fosse votado», contou Andrade Ferreira.
Um só nome a sufrágio, leva metade a abandonar a sala
O momento da votação, contudo, terá sido o que mais aqueceu os ânimos, dado que alegadamente o boletim de voto apenas permitia o voto favorável na candidata apresentada pelo Presidente da Concelhia, Teresa Almadanim, não estando assegurada a liberdade de voto contra, nem a abstenção «perante os protestos ruidosos de cerca de metade dos presentes, e uma vez que a Mesa insistiu naquilo que os comissários consideraram ser uma clara tentativa de condicionamento do livre exercício do direito de voto, dezoito militantes decidiram abandonar a sala, recusando-se a votar naquelas condições», pelo que a ser assim «apenas votaram na candidatura apresentada pelo Presidente da Concelhia dezasseis comissários eleitos, juntamente com quatro elementos inerentes da Juventude Socialista, liderados por Hugo Salgueiro», disse.
«Hoje, a Democracia morreu no PS Maia»
Já no exterior do edifício, os militantes afirmavam-se «revoltados e envergonhados» pelas atitudes, quer do Presidente da Concelhia, quer da Presidente da Mesa. «Aquilo a que assistimos aqui hoje foi ao mais completo desrespeito pelos Estatutos e pela Declaração de Princípios do Partido Socialista. O PS é um partido que respeita e defende o pluralismo democrático, e o que vimos aqui hoje foi uma direção política com medo da democracia interna, com medo de uma votação transparente», afirmavam. «Isto não é o PS e estes senhores envergonham todos os socialistas. Hoje, a Democracia morreu no PS Maia», concluíam. Estes militantes, perante a tentativa de coacção de que foram alvo, decidiram expor o assunto aos órgãos distritais e nacionais do Partido, disse Andrade Ferreira a terminar.
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