Forrobodó
Vivemos uma Pandemia. Em certa medida podemos contextualizar como vivendo no quadro de uma guerra biológica sem a existência velada de um agressor directo. Num conflito convencional viveríamos em estado de sítio, porque este é o mais eficaz para implementar medidas sem deixar ao arbítrio de cada um a sua aplicação. Felizmente vivemos em estado de emergência e não em estado de sítio, o que nos permite usufruir de um maior conjunto de liberdades individuais. Mas tal não significa que todos estejamos estimulados a cumprir rigorosamente as indicações emanadas pela tutela, atendendo até à inconsistência com que muitas medidas são anunciadas, desvalorizadas num dia e valorizadas no seguinte, uma autêntica confusão. Este navegar à vista, que vacila conforme o descontentamento do eleitorado com algumas decisões, indicia claramente falta de planeamento cujo preço a pagar se mede em vidas perdidas sem necessidade.
Constituiu o Governo uma “Task Force” – anglicismo parolo – que deveria planear e gerir com rigor o processo de ministrar as vacinas anti-Covid19, tendo sido escolhido para a liderar alguém sem a reconhecida competência e méritos de gestão que a gravidade da situação exige, apenas se conhecendo a sua ligação ao Partido Socialista.
Não admira que falhe o desenho de critérios que deveriam ser científicos. E falha também a ausência de sanções para quem prevarica. Diariamente são noticiadas denúncias de pessoas que se movem junto das esferas do poder e, sem possuírem qualquer critério estabelecido, tomam as vacinas que deveriam ser administradas a quem está na linha da frente do combate, num autêntico forrobodó, com o bónus de garantirem a toma da segunda dose, de acordo com palavras do líder da “Task Force” Francisco Ramos. Imagine-se como será quando chegar o grosso das vacinas.
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