Faz hoje 19 anos que Vieira de Carvalho partiu
Faleceu, vítima de problemas cardíacos, há 19 anos o autarca que presidiu cerca de três décadas à Câmara Municipal da Maia. Hoje, é ainda recordado com muito carinho pelos maiatos pela sua entrega ao concelho. Vieira de Carvalho teria hoje 83 anos.
José Vieira de Carvalho nasceu no Lugar de Crestins, freguesia de Moreira, a 18 de abril de 1938. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas na Universidade Clássica de Lisboa, tendo exercido a docência durante vários anos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde regeu as cadeiras de História da Cultura Portuguesa, História Moderna e Contemporânea e História Moderna de Portugal.
Foi praticante de várias modalidades desportivas, desde o atletismo, nas modalidades de corrida de fundo (5.000 e 10.000 metros), até ao futebol, voleibol, andebol, basquetebol e ténis de mesa, participando em vários Campeonatos Regionais.
Foi Presidente da Assembleia Geral e Presidente da Direção do Futebol Clube da Maia e da Associação de Futebol do Porto. Esteve ligado a dezenas de coletividades Desportivas, tendo por esse labor recebido várias distinções, destacando-se entre estas a medalha de Bons Serviços Desportivos, atribuída por Despacho do Ministro da Educação.
A sua entrada na vida política deu-se a 14 de fevereiro de 1970, quando foi nomeado, pelo Governo de Marcelo Caetano, presidente da Câmara Municipal da Maia, cargo que exerceria até junho de 1974 e para o qual foi depois eleito em 1979, nas primeiras eleições livres e democráticas, realizadas após o 25 de Abril.
Em 1981 assumiu o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Maia, liderando-a ao longo de 21 anos e projetando-a para a grandeza que hoje tem, mercê da sua superior inteligência e capacidade empreendedora, aliada ao seu amor e dedicação incansável aos mais fracos e desprotegidos.
Foi por diversas vezes eleito deputado à Assembleia da República, presidiu ao Conselho da Região Norte, à Junta Metropolitana do Porto e ao Conselho de Administração da Empresa Metro do Porto. Deve-se, aliás, à sua perseverança e sentido de Estado no desempenho deste último cargo, o arranque definitivo do Metro Ligeiro do Porto, cuja atual configuração é, de forma substancial, fruto da sua visão.
Na década de noventa, foi co-fundador do ISMAI – Instituto Universitário da Maia, onde ocupou os cargos de Presidente da Direcção da Maiêutica e de Presidente do Conselho Científico.
Liderou o processo de formação da Metro do Porto, SA, tendo sido seu Presidente do Conselho de Administração.
A perda do “presidente”
O autarca que presidiu à Câmara Municipal da Maia durante cerca de três décadas faleceu na tarde de 1 de junho de 2002, vítima de um problema cardíaco. Vieira de Carvalho tinha sido internado de urgência meses antes, depois de se ter sentido mal numa reunião da Junta Metropolitana do Porto. Mas, foi na sua residência que acabou por falecer.
A Maia parou para o último adeus ao “presidente”. Na tarde do dia três de junho, a Praça do Município foi pequena para os mais de 60 mil maiatos que fizeram questão de prestar homenagem ao Homem que sobrevalorizou a Maia como ninguém, um autarca que por várias vezes considerou que «Acima da Maia, só Deus».
Foi com muitos aplausos que os maiatos se despediram do autarca que mudou a Maia. No momento da saída da urna com os restos mortais do autarca que desde 1980 ocupou ininterruptamente o cargo de Presidente da Câmara Municipal da Maia, as dezenas de milhares de pessoas uniram-se num reconhecimento único que certamente ficará para a História do concelho.
Se a popularidade de Vieira de Carvalho na Maia era inquestionável, assim demonstram as suas vitórias eleitorais ao longo dos últimos 25 anos, ao longo dos quase quatro quilómetros de cortejo fúnebre, maiatos de todas as idades despediram-se do “senhor professor” de forma sentida. Crianças de várias escolas do concelho, famílias completas, idosos e muitos dos que com ele trabalharam de perto deixaram os seus afazeres e vieram para a rua para um último aceno a Vieira de Carvalho. Uns atiravam flores para a urna, outros aplaudiam, outros choravam, sentimentos mistos com apenas um denominador comum: o reconhecimento público a alguém que “fez muito pela Maia e que vai fazer muita falta a todos nós”, dizia um popular.
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