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Com expressivos 80,28%, André Villas-Boas é o novo presidente do FC do Porto

Com expressivos 80,28%, André Villas-Boas é o novo presidente do FC do Porto

Para falar da retumbante vitória, é preciso primeiro falar do vencido, a quem também deve ser dada honra e glória por uma vida inteira de dedicação à causa e ao clube. Nem sempre da melhor forma, mas com inúmeros êxitos que lhe conferem, com justiça, o título de presidente mais titulado do mundo, que muito dificilmente alguém conseguirá bater, até porque não se perspetiva que no futuro não haja limites de mandatos.

E assim terminou uma era de 42 anos de Pinto da Costa à frente dos destinos do maior clube do Norte, cuja bandeira da regionalização sempre defendeu. Eleito em 1982, repetiu o feito 14 vezes consecutivas, e criou dúvidas até à contagem dos votos, sobre conseguir a 16ª reeleição aos 86 anos. Mas como escreveu Plutarco há mais de 2000 anos, “A coisa mais preciosa no mundo é o tempo, pois é a coisa que não se pode comprar.” De facto, o valor do tempo é algo que não pode ser adquirido com dinheiro, mas sim valorizado e usado de forma inteligente, e terá sido um pouco disto que faltou a Pinto da Costa nos últimos anos, em contraponto com a maior parte do tempo anterior.

Por vezes mais do que saber estar é preciso saber sair, mas a vida é feita de escolhas e Pinto da Costa, um lutador, preferiu ir à luta. Mais do que ter perdido ficam alguns factos penosos que poderia ter evitado, como ter agora 5.224 votantes, 19,5%, ou seja, menos 153 do que em 2020 (5.377), quando a afluência às urnas foi mais de duas vezes e meia superior, com 26.876 votantes.

Já André Villas-Boas pulverizou com 21.489 fotos a favor que lhe renderam 80,28% das intenções de voto, depois de descontados os brancos (73) e nulos (37). A lista C, liderada pelo já repetente Nuno Lobo, obteve apenas 53 votos, inexplicáveis e incongruentes, porque para poder concorrer foram necessárias 300 assinaturas, o que significa que 82% dos signatários, não confirmaram em urna o seu apoio!

Posto isto é hora de falar do vencedor da noite de ontem, o “miúdo”, que sendo vizinho de Bobby Robson, um dia ganhou coragem para o interpelar, e a partir daí mudou o rumo da sua vida, passando a ir assistir aos treinos, estudando dados estatísticos, que lhe valeram um cargo no clube do seu coração, o FC do Porto, e daí foi sempre a subir.

Já com o curso de treinador, chegou a andar pelo estrageiro, mas aos 32 anos foi convidado, pelo seu opositor desta noite, para treinar a equipa principal do seu FC do Porto, naquilo que na época apelidou da sua “Cadeira de Sonho” e fê-lo com tal sucesso, que num único ano venceu todas as provas em que entrou, incluindo uma final europeia, em Dublin, frente ao Braga, na altura treinado por Domingos Paciência, ironia das ironias, o seu ídolo de jovem adepto, mas que nem por isso o inibiu de vencer.

Mas também seria difícil outro resultado, pois como disse recentemente, essa sua equipa de 2010/2011, “era uma máquina trituradora”, o que se confirma com, entre outros resultados brilhantes a primeira conquista do título no estádio do maior rival, que ficou célebre pelo apagar de luzes e rega ligada, a remontada no mesmo estádio (1-3) para as meias-finais da Taça de Portugal, depois de ter perdido no Dragão por 2-0, e ainda os primeiros 5-0 em casa à mesma “vitima”.

Recentemente o atual treinador, Sérgio Conceição, repetiu o título na Luz, e os mesmos 5-0, pelo que, se houver possibilidade de estes dois se manterem no clube, e trabalharem em conjunto pelo amor que ambos juram ao clube, a que se junta o antigo capitão conhecido por “bicho”, deverá haver condições para repetir grandes feitos. Mas para isso temos de aguardar pelos próximos capítulos, que se escreverão de agora em diante, que o clube vai ser liderar por alguém que afirma não irá ser remunerado, ao mesmo tempo que defende que um clube de associados é assim que deve ser, isto depois de ter gasto do seu bolso, provavelmente, centenas de milhar de euros para fazer uma campanha nunca antes vista num clube de futebol, em Portugal sem dúvida, mas arriscamos dizer que em mais nenhuma parte.

Terminamos com mais alguns dados sobre o candidato e a sua candidatura.

Presidente
Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas

Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas nasceu no Porto em 1977. É o sócio n.º 7.616. Com raízes familiares intimamente ligadas à fundação do clube, tanto com António Nicolau d’Almeida como com José Monteiro da Costa, as conversas à volta do clube marcaram os seus primeiros anos. O orgulho em ser portista e a paixão pelo futebol contagiaram-no desde cedo e a presença no Estádio das Antas era uma constante.

Villas-Boas iniciou a carreira nas equipas de formação do FC Porto, orientou todos os escalões desde as escolinhas até aos juniores e desempenhou várias funções técnicas no clube, desde o scouting à observação de adversários. A chegada de José Mourinho trouxe-lhe novas responsabilidades, quando passou a integrar a equipa técnica do Special One como observador de adversários. Assim, durante as cinco temporadas em que o clube venceu vários títulos nacionais e internacionais, nomeadamente a Taça UEFA de 2002/03 e a Liga dos Campeões de 2003/04, enriqueceu um vasto currículo.

Estreou-se como técnico principal na Académica de Coimbra, em 2009, e logo evidenciou o potencial que lhe era reconhecido. Esse caminho levou-o a receber um convite para assumir o comando do FC Porto. A oficialização deu-se a 2 de junho de 2010. Num só ano, André Villas-Boas conquistou uma Supertaça Cândido de Oliveira, um Campeonato Nacional – sem derrotas, festejando a vitória no estádio do maior rival -, uma Taça de Portugal e a Liga Europa.

Com a conquista da competição internacional, tornou-se também no mais jovem treinador de sempre a ganhar uma prova europeia. Como reconhecimento do sucesso, mas sobretudo reconhecendo o amor ao clube de sempre, o FC Porto decidiu homenageá-lo em 2011 com a atribuição de um Dragão de Ouro, troféu que recebeu das mãos de Jorge Nuno Pinto da Costa antes de agraciar os portistas com um discurso que ainda hoje perdura na memória do universo azul e branco.

Prosseguiu a carreira em vários emblemas reputados do futebol europeu e mundial, como treinado o Chelsea, o Tottenham, o Zenit de São Petersburgo, o Shanghai SIPG ou o Marselha.

Começou a preparar a candidatura à presidência do Futebol Clube do Porto há dois anos, altura em que reuniu uma equipa com as valências e competências necessárias. Reunido o apoio entusiástico da maioria dos votantes, André Villas-Boas define como bandeiras a modernidade, os valores, o rigor, o planeamento, a dedicação e o trabalho que o FC Porto merece para honrar e manter o clube numa senda de vitórias sem igual.

Vice-Presidentes
Rui Jorge Teixeira de Carvalho Pedroto
João Begonha da Silva Borges (pelouro financeiro)
Tiago Filipe da Veiga Guarda Gomes de Madureira
Francisco António Miranda Araújo
José Luís Gomes de Andrade

Vogais
Alberto de Sousa Babo
Teresa Paula Dias Figueiras
Joana Pinto Leite César Machado Ortigão de Oliveira

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL

Presidente        
António Manuel Lopes Tavares

Vice-Presidente
Jorge Manuel Araújo de Sousa Basto

Secretários
Susana Abreu Alves Pereira Furtado de Mendonça
Vasco Miguel Barros Leal Cardoso
Vasco Bruno de Figueiredo Azeredo

Suplentes
Fernando Nuno Fernandes Ribeiro dos Reis
José Manuel Duque Rodrigues
Mafalda Leão e Seabra Ortigão de Oliveira

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR

Presidente
Angelino Cândido de Sousa Ferreira

Vice-Presidente
Carlos Manuel Maia da Rocha Nunes

Secretário
Rui Edgar Peixoto Araújo Duarte

Relatores de Contas
Rui Manuel Pais Brochado
Carlos Afonso Dias Leite Freitas dos Santos

Relator de Contencioso
Sofia da Costa Pimenta de Sá Azeredo
Relator de Sindicância
António Maria da Fonseca Côrte-Real Souto Neves

Suplentes
João Pedro Martins Costa
Miguel Paulo Pais Brochado

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