A inclusão promove a participação cívica e social
Um dos problemas mais complexos que as sociedades contemporâneas enfrentam atualmente é a exclusão social. Um fenómeno global que se fica a dever a múltiplas causas, desde os fluxos migratórios, às questões étnicas, desemprego, infoexclusão, orientações sexuais, abandono escolar, deficiência, entre muitas outras causas que habitualmente se conjugam e têm frequentemente como efeito a pobreza e as desigualdades sociais.
As autarquias, dada a sua proximidade às comunidades locais, têm tido um papel ímpar e insubstituível no combate à exclusão social, concebendo e implementando políticas ativas de integração. Um combate que tem sido concretizado, investindo na reabilitação do potencial humano dos excluídos e na cooperação institucional a nível local, numa abordagem holística da pessoa que procura enquadrar cada indivíduo no contexto social a que, por direito, pertence e no qual deve participar por inteiro.
Quase sempre, o caminho começa por ajudar a recuperar a autoestima, a autoconfiança e o amor próprio, na convicção de que há uma inviolável dignidade de toda a pessoa. Dignidade que é o direito humano essencial e é, a meu ver, o primeiro passo para que a inclusão social seja desejada por cada mulher, por cada homem, por cada criança ou jovem, mas também para que seja promovida pelas comunidades locais e, consequentemente, bem sucedida.
Enquanto autarca, sempre defendi que a habitação é o espaço fundamental para o desenvolvimento e integração individual e coletivo no seio da família e na sociedade.
Animado por este entendimento, quando me foi possível participar no processo de planeamento, projeto e construção de habitação social, a minha divisa foi incrementar a construção de habitações com condições dignas, onde eu próprio pudesse viver. Habitações com condições essenciais para que as pessoas crescessem e se realizassem com dignidade e felicidade.
Habitação, educação e trabalho são fatores críticos para o sucesso de qualquer estratégia de inclusão que se queira eficaz. A par disso vem a saúde, a segurança e a aceitação fraterna do outro. Muito mais do que a tolerância, a aceitação pressupõe a capacidade de acolher e compreender aquele que é desconhecido, diferente ou estrangeiro, sem preconceitos e sem juízos etnocêntricos.
Na minha comunidade concelhia, desde que fui, livre e democraticamente, escolhido pelos meus concidadãos, adotamos a divisa inclusiva de que todos contam, todos são importantes e todos são responsáveis por todos, numa solidariedade que se concretiza em respeito mutuo, gestos de partilha social e intergeracional.
Contudo, por mais políticas ativas que existam para esse fim, o processo social de inclusão jamais será eficaz, se numa comunidade não existir envolvimento e compromisso de toda a cidadania, para integrar os excluídos e trazê-los das margens para a centralidade e participação na vida coletiva.
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