«Cada vez mais mulheres ganham protagonismo, não por uma questão de género, mas por uma questão de mérito»
Entrevista a Emília Santos, vice-presidente da CM Maia, a propósito do Dia Internacional da Mulher.
Hoje, 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, instituído pelas Nações Unidas em 1975. Atualmente, a data é comemorada em mais de 100 países — como um dia de protesto por direitos e celebração do feminino, comparável ao Dia das Mães. Noutros países, a data é ainda ignorada.
Emília Santos, nascida pouco antes da revolução de Abril é sem dúvida uma das mulheres maiatas que granjeou êxito, motivo para uma pequena entrevista.
Maia Hoje (MH): É vice-presidente da Câmara Municipal da Maia, vereadora com os pelouros de Educação e Ciência, Saúde, Desenvolvimento Social e Demografia, e preside ao Conselho Consultivo do Hospital de São João. Vê-se como um exemplo da capacidade das mulheres em cargos de liderança?
Emília Santos (ES): Vejo-me, sobretudo, como uma pessoa que gosta de assumir responsabilidades no serviço à comunidade. Todo o meu percurso tem sido feito com esse espírito de missão, desde os tempos da faculdade. Formei-me em Psicologia Clínica porque queria ajudar as pessoas e, fazendo um balanço, só posso sentir-me realizada pois é isso que tento fazer todos os dias.
MH: Quando terminou os estudos já tinha ideia do que queria ser, da mulher que iria ser?
ES: Desde cedo que os meus pais me educaram com base num quadro de valores que definem a minha personalidade, a minha forma de encarar a vida, a relação com as pessoas. Sou uma pessoa que luta pela felicidade, a minha e dos outros, que acredita na amizade, na solidariedade, no trabalho.
MH: No seu percurso, quando surge a política e porquê?
ES: Surge de forma inesperada. Trabalhava como técnica superior na Câmara Municipal da Maia, já com experiência no terreno, quando me surpreenderam com o convite para integrar a lista à Assembleia de Freguesia da Barca, que presidi num mandato. A partir do momento que assumi essa responsabilidade, fui percebendo o quanto se pode ajudar as pessoas nestas funções de grande proximidade, especialmente quando se tem um genuíno espírito de missão.
MH: A política, que maioritariamente é constituída por homens, está a mudar de paradigma?
ES: A política é o reflexo da sociedade, não é uma realidade à parte. Aliás, a política tem vindo a contribuir para a evolução do quadro, com cada vez mais mulheres a ganharem protagonismo – não por uma questão de género, mas por uma questão de mérito, sublinhe-se.
MH: Sendo mulher já sentiu algum tipo de preconceito, ou injustiça, no seio da política, nacional ou local?
ES: Não, em nenhum momento. Sempre fui considerada pelos meus pares nas diversas funções que já desempenhei, e digo, com orgulho, que integro um Executivo que não dá espaço a qualquer tipo de preconceito e que tem especial atenção na promoção da igualdade e da não discriminação.
MH: Tendo sido deputada do PSD na Assembleia da República nas XII e XIII legislaturas, como foi a experiência?
ES: Acima de tudo, foi uma honra ter representado a Maia na casa da Democracia. Exerci a função de Deputada com a dedicação, o empenho e o espírito de missão que emprego em tudo o que faço, ciente da responsabilidade que me tinha sido confiada pelos eleitores. Considero também que a relação de proximidade com os cidadãos com que pauto a minha vida, pessoal e política, acrescentou valor ao trabalho legislativo que desenvolvi e isso refletiu-se num melhor serviço à comunidade.
MH: Em traços gerais, em que se tem baseado o trabalho que tem vindo a desenvolver no município enquanto vereadora e vice-presidente?
ES: Antes de mais, faço questão em dizer que me sinto honrada e grata pela confiança que o Senhor Presidente me confiou, quer ao convidar-me para assumir a Vice-Presidência, quer ao entregar-me os pelouros da Educação e Ciência, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Demografia. Quando tomei posse, prometi ao Senhor Presidente – e, através dele, a toda a comunidade maiata – lealdade, trabalho e solidariedade, e é isso que tenho feito, com muito entusiasmo e muita paixão, todos os dias. É verdade que são áreas de enorme responsabilidade social, que, muito por causa da pandemia, têm estado sob uma enorme pressão, mas são áreas com as quais estou muitíssimo envolvida. Acresce que tenho o privilégio de ter a trabalhar comigo, no município, equipas de técnicos superiores, assistentes técnicos e assistentes operacionais extraordinariamente dedicados, de grande profissionalismo, que não poupam esforços no serviço à comunidade.
MH: Qual a área social que lhe “diz mais ao coração” | Qual a área em que pode contribuir mais?
ES: Felizmente, o meu coração tem o tamanho bastante para acomodar, com igual afeto e dedicação, as áreas em que trabalho. Cada uma das áreas tem as suas especificidades, pelo que procuro encontrar, com as minhas equipas e devidamente enquadrada com o plano estratégico do Executivo, as melhores soluções para cada uma delas.
MH: Considera que é um exemplo para outras mulheres?
ES: Considero que tenho responsabilidades e uma missão a cumprir, como tantas mulheres têm no seu dia a dia. Eu não tenho a preocupação de ser exemplo para alguém, mas posso dizer que muitas mulheres se tornaram um exemplo para mim pela forma como trabalham e pautam o seu quotidiano por valores com os quais me identifico.
MH: O que falta fazer enquanto mulher e para as mulheres?
ES: Creio que a questão deve ser colocada em termos de sociedade, independentemente do género. Quanto maior for a igualdade mais desenvolvida será a nossa sociedade, a todos os níveis
Dia Internacional das Mulheres
Segundo a Wikipédia, uma das possíveis origens da data é a seguinte «A ideia de uma comemoração anual surgiu depois que o Partido Socialista da América organizou o Dia das Mulheres, em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York — uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino. Durante as conferências de mulheres da Internacional Socialista, em Copenhaga, 1910, foi sugerido, por Clara Zetkin, que o Dia das Mulheres passasse a ser celebrado todos os anos, sem que, no entanto, fosse definida uma data específica.
A partir de 1913, as mulheres russas passaram a celebrar a data com manifestações realizadas no último domingo de fevereiro. Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro, no calendário juliano), ainda na Rússia Imperial, organizou-se uma “grande passeata” de mulheres, em protesto contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida no país. Operários metalúrgicos juntaram-se à manifestação, que se estendeu por dias e acabou por precipitar a Revolução de 1917. Nos anos seguintes, o Dia das Mulheres passou a ser comemorado naquela mesma data, pelo movimento socialista, na Rússia e em países do bloco soviético».
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