Apresentado administrador financeiro (CFO) da candidatura de Villas-Boas
Foi ontem apresentado José Pedro Pereira da Costa para o cargo de CFO às eleições no FC do Porto, o seja o futuro supremo responsável da área financeira do clube, caso esta lista vença nas urnas. Com um invejável currículo na gestão financeira, desempenha o cargo de CFO há 23 anos, tendo exercido essas funções na ZON e mais tarde na NOS, onde fez parte da comissão executiva durante a última década. Em 2015 ganhou a distinção de melhor CFO em Portugal.
A apresentação começou com discurso de André Villas-Boas, agradecendo a “crescente onda de apoio e vontade de mudança por parte dos sócios do FC do Porto”, apelando ao voto, “as próximas eleições devem ser as mais votadas de sempre, pois com a vossa força e o vosso voto conseguiremos a mudança, para um clube dos sócios, e para os sócios, uma vez que a grande maioria dos portistas sente que a nossa história e tradição se está a perder, pois não se sentem dignificados, e nem todos são tratados equitativamente”, acrescentando que “o clube aparenta ser um quintal com uma galinha dos ovos de ouro, que serve alguns, enquanto o seu futuro está cada vez mais hipotecado. O degradar permanente da nossa situação financeira é o reflexo da inoperância de uma gestão gasta e antiquada, vivendo de guerrilhas que afetam o seu crescimento”.
Na mesma linha lembrou que 85% dos associados estão em três distritos apenas, Porto, Braga e Aveiro, e que o clube “de uma neblina ténue está a ser tomado por nevoeiro muito denso”, mas com o “conforto que o potencial do FC do Porto é enorme e a sua margem de progressão exponencialmente maior. Nasce nos sócios a vontade de ver o clube mais aberto, com sentido de pertença mais forte, uma comunicação transparente, uma direção que serve apenas, e só, o clube e os seus associados de forma justa e equitativa, de forma a desconstruir velhos hábitos, e favores que atualmente imperam”.
Sobre o novo CFO, explicou ter sido “a pessoa que identificamos como fulcral para liderar este projeto de transformação do clube onde a área financeira é de primordial importância. Tem um currículo vasto e extenso de resultados, credibilidade e experiência em vários setores de atividade e colocou o FC do Porto acima dos seus interesses pessoais e profissionais para se disponibilizar para esta missão. Sócio do FC do Porto desde 1971, chega a este projeto com a responsabilidade de nos trazer soluções novas, e colocar o clube na vanguarda da gestão financeira”.
Na hora de discursar, José Pedro Pereira da Costa, começou por se apresentar como sócio com mais de 50 anos, filho de um antigo atleta do clube, campeão nacional de andebol por seis vezes, enquanto profissionalmente acumula experiência de “23 anos como CFO de grandes empresas, pelo que me sinto capacitado para abraçar este novo projeto”. Sobre o novo cargo, sublinhou que “o FC do Porto precisa de se renovar, entrar numa nova fase a todos os níveis, desde logo na sua gestão financeira, de forma a garantir a sua sustentabilidade”.
Começou por fazer uma análise ao atual estado financeiro que classificou de “muito preocupante, pois levou ao acumular de um passivo de 530M€, e de uma divida financeira de 310M€”, e passou a fazer algumas comparações com os principais rivais questionando “porque é que nos últimos seis anos fizemos vendas de passes de jogadores de cerca de 430M€, mas só foram registados cerca de 30M€, ou seja, 7% do valor das vendas nesse período, enquanto no mesmo período um dos rivais fez vendas de 570M€, gerando resultados de 200M€ (35%), e o outro vendeu 400M€ e gerou 170M€ (43%)”.
Na mesma linha questionou sobre o exercício de 22/23, com as respetivas vendas de bilhetes terem sido de 10,8M€, que comparou com os rivais “19,8M€, e 13,6M€, e que este último teve uma assistência média inferior à do FC do Porto em 30%”.
Continuou as comparações, questionando sobre as vendas de merchandising, essencialmente vendas de equipamentos, “porque é que o FC do Porto, com receitas similares de cerca de 8 a 9 M€/ano, tem cerca de 2M€ a mais de custos dessas mercadorias que os rivais, fazendo que a nossa margem seja de 35%, enquanto nesse rival é perto de 60%?”. Destacou também as despesas de representação que cifrou em “mais de 1,4M€/ano, com 5,2M€ nos últimos quatro exercícios, enquanto há seis anos eram apenas 500 mil”. Terminou a perguntar “o que são cerca de 3M€ de outros fornecimentos e serviços externos que nunca são discriminados, nem são explicados”.
Quanto às linhas estratégicas da sua proposta, frisou que “vão passar por um modelo operacional muito mais rigoroso, mais leve, com forte disciplina financeira e orçamental, com controle e racionalização de custos, linha a linha, identificando com parceiros e fornecedores todas oportunidades de negociação de contratos, e da divida correspondente. Passarão também pela transformação digital do clube, por medidas de aumento das receitas operacionais e pelo crescimento da marca FC do Porto. Adotando as melhores práticas internacionais, sabemos que é possível fazer melhor, desde a bilhética ao merchandising, sponsorship, ou ainda melhorar a rentabilização do estádio. Por fim temos de conseguir gerar resultados com a valorização dos nossos ativos, com aposta grande na formação, planeamento rigoroso, reforço das competências em termos de scouting, e por redução dos custos de transação de jogadores, quer na compra, quer na venda, de forma a permitir que o clube, se mantenha um clube de todos os sócios, e para servir todos os sócios, porque só há um Porto”, rematou.
No período de questões, entre outras, houve interesse em saber a opinião de André Villas-Boas sobre o caso “Pretoriano” e o abraço de Sérgio Conceição ao presidente em exercício, contudo o candidato, usando linguagem futebolística, “driblou” nas respostas, e esvaziou qualquer polémica sobre os temas, especialmente no segundo caso, reafirmando a sua intenção de reunir com o treinador, após as eleições, caso as vença, naturalmente.
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